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sábado, 22 de julho de 2017

terça-feira, 18 de julho de 2017

Grupo do MST faz manifestação na MG-105, no Vale do Jequitinhonha

Integrantes do MST ocuparam a fazenda Aurora Dois há 15 dias.

Grupo questiona pedido de reintegração de posse, feito pelos donos.

Do G1 Vales de Minas Gerais
Manifestantes colocaram fogo em objetos e impediram o tráfego em uma estrada. (Foto: Divulgação/PM)Manifestantes colocaram fogo em objetos e impediram o tráfego em uma estrada. (Foto: Divulgação/PM)
Manifestantes do Movimento dos Sem Terra (MST) fecharam a estrada que dá acesso ao povoado de Mumbuca e a ponte sobre o rio Jequitinhonha na MG-105, que liga os municípios de Jequitinhonha e Pedra Azul, no Vale do Jequtinhonha, na noite desta terça-feira (26).
Ponte sobre o rio Jequitinhonha foi interditada por manifestantes do MST. (Foto: Diego Souza/G1)Ponte sobre o rio Jequitinhonha foi interditada por
manifestantes do MST. (Foto: Diego Souza/G1)
Os integrantes do MST ocuparam uma área denominada na fazenda Aurora Dois, na zona rural dde Jequitinhonha, há cerca de 15 dias. A ocupação foi chamada "Assentamento Aurora". A Justiça determinou a reintegração de posse aos donos, marcada para esta terça-feira.
Os trabalhadores questionam a validade dos documentos apresentados pelos donos à Justiça. Segundo líderes do movimento, trata-se de uma terra devoluta. Na quinta-feira (21), os manifestantes já haviam ocupado e ateado fogo em objetos na ponte sobre o rio Jequitinhonha.
Eles colocaram fogo em objetos e pedaços de madeira na pista, impedindo o tráfego. Um caminhão pipa foi usado para apagar as chamas e um trator foi utlizado para desobstruir a via. Não houve conflito e ninguém ficou ferido, segundo a polícia.

A LUTA PELA TERRA NO NORTE DE MINAS E O PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Disputas territoriais no Vale do Jequitinhonha: uma leitura pelas transformações nas paisagens

Acampamento Ouro e Prata/MST, Salto da Divisa/MG: 50 famílias/luta por terra, "herança." 09/06/16


A LUTA PELA TERRA E ESCOLA DO MST EM MINAS GERAIS – FRAGMENTOS DE UMA HISTÓRIA EM CONSTRUÇÃO

Nesta terça, 25/08/2015 cerca de 500 famílias montaram o acampamento Princesa do Vale, no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais.

Cerca de 500 famílias montaram na manhã desta terça-feira (25), em uma área abandonada de 731 hectares, o acampamento Princesa Vale, em Almenara, no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais. 

Além do assentamento imediato das mais de seis mil famílias acampadas em 42 latifúndios da região, os Sem Terra denunciam as más condições nos assentamentos, há quase seis anos sem assistência técnica. 

“Oitenta e sete por cento das áreas ainda não possui água potável, e 70% não têm habitações financiadas pelo governo, assim como os créditos para produção de alimentos estão parados. Temos acampamentos de quase 16 anos na região do estado de Minas, não podemos mais permanecer nessas condições”, alerta Sílvio Netto, da direção estadual do MST.

Silvio ressalta as contradições enfrentadas no estado de mineiro que vê aumentar o número de acampados. 

“O número de pessoas que se juntam o Movimento só tem aumentado nos últimos meses. Isso mostra a urgência do plano de Reforma Agrária Popular. Essa é uma luta legítima que a cada dia ganha mais adeptos em todo país”, finaliza.

 
Pricesa do Vale-4.JPG
Aumento das ocupações

O aumento no número de ocupações não se dá apenas no estado de Minas Gerais, como observa Silvia Neto. Apenas nas duas últimas semanas Sem Terra de outros estados ocuparam ao menos sete latifúndios pelo Brasil.

Ontem, mais duas ocupações foram decretadas pelo MST. Uma delas foi na Fazenda Capão Cipó, no município de Castro, região dos Campos Gerais (PR), com cerca de 150 famílias.

Na área está instalada a Fundação ABC, instituto voltado a pesquisa agropecuária para as Cooperativas Capal (Arapoti), Batavo e Castrolanda. Segundo a coordenação do Movimento, as terras onde estão instaladas a Fundação ABC são de propriedade da União, que desde 30 de abril de 2014 aguarda a reintegração de posse.


A outra foia a Fazenda Vila Rica, no município de Rondonópolis (MT), a 200 km de Cuiabá. Cerca de 150 famílias ocuparam a área, que além de ser improdutiva está sob investigação por suspeita de grilagem.
Documentário - História de uma luta 

segunda-feira, 10 de julho de 2017



Trabalhadores ocupam prefeitura em defesa do Rio Utinga

Na manhã dessa quarta-feira (17/02), cerca de 200 trabalhadores Sem Terra ocuparam a Prefeitura Municipal de Wagner, na Chapada Diamantina, apresentando uma pauta de reivindicação e rememorando os 21 anos de luta do MST na região. A ocupação aconteceu após uma marcha realizada da entrada da cidade até o centro. No percurso os Sem Terra […]

17 de fevereiro de 2016
Na manhã dessa quarta-feira (17/02), cerca de 200 trabalhadores Sem Terra ocuparam a Prefeitura Municipal de Wagner, na Chapada Diamantina, apresentando uma pauta de reivindicação e rememorando os 21 anos de luta do MST na região.

A ocupação aconteceu após uma marcha realizada da entrada da cidade até o centro. No percurso os Sem Terra denunciaram as contradições do agronegócio e pautaram junto a sociedade a necessidade de os órgãos competentes realizarem a revitalização do Rio Utinga, que banha a zona rural e urbana do município.
Na pauta de reivindicação é solicitada a realização de um diagnóstico sócio econômico e ambiental do Rio Utinga, assim como, a revitalização da bacia e sub bacia. 
Também foi pautado a regularização do fornecimento de energia nos assentamentos, a construção de barragens e melhorias na estrutura das escolas do campo localizadas nas áreas. 

De acordo com Wilson Pianissola, da direção estadual do MST, nestes 21 anos de luta do Movimento na região a marcha e a luta em defesa da Reforma Agrária sempre apontaram o caminho da emancipação dos sujeitos. 

“Mais uma vez queremos afirmar nosso compromisso de lutar por uma sociedade mais justa e fraterna, por isso é que nossa pauta de reivindicação diálogo com o todo da sociedade”, explicou. 
Rio Utinga

Em Wagner, os camponeses produzem diversas culturas, com destaque à produção de banana através dos sistemas de irrigação. 

Segundo os Sem Terra, o governo deu uma ordem de suspenção da irrigação, atingindo diretamente as famílias camponesas, que denunciam ainda, os grandes produtores da localidade, “pois estão represando a água do Rio e evitando que chegue nas comunidades rurais”.

Cerca de 40 mil habitantes, no território da cidadania Piomonte Paraguaçu e Chapada Diamantina, utilizam a água do Rio para o consumo doméstico e produção de alimentos. 
A direção do MST na região, diz que as águas do Rio garantem a segurança alimentar e nutricional das famílias, compreendendo que o excedente daquilo que é produzido serve para abastecer várias feiras livres da região.

Negociação

Após ocupação no prédio da Prefeitura, foi agendada uma reunião com o prefeito do município para esta sexta-feira (19/02) e outra, com o prefeito de Utinga na quinta-feira (18/02).

Em seguida, será realizada na próxima quinta (25/02) uma reunião com um representante da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), em Wagner.

Fonte: http://www.vozdomovimento.org/trabalhadores-ocupam-prefeitura-em-defesa-do-rio-utinga/

quarta-feira, 5 de julho de 2017

As Lutas e os Movimentos Sociais do Campo no Alto Sertão Sergipano

Núcleo de Educação do Campo UFRB
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Programa de Pós-Graduação em Educação do Campo - PPGEDUCAMPO
Mestrado Profissional em Educação do Campo
www.ufrb.edu.br/educampo

 





Gidelmo Santos de Jesus






As Lutas e os Movimentos Sociais do Campo no Alto Sertão Sergipano







Trabalho construído a partir do componente: Educação e Movimentos Sociais, ministrado pela professora Drª. Nalva Araújo no Mestrado Profissional em Educação do Campo – PPGEducampo/UFRB.













Amargosa- BA
2017

As Lutas e os Movimentos Sociais do Campo no Alto Sertão Sergipano

Gidelmo Santos de Jesus[1]

I. INTRODUÇÃO

O trabalho aqui apresentado é resultado dos procedimentos e levantamentos acerca das principais lutas e manifestações ocorridas no Alto Sertão Sergipano no decorrer das décadas de 1970-1980 até a atualidade. Assim, é possível compreender que esse é um período de intensas lutas nesse território, sobretudo, luta pela terra, que acompanhado com tal processo, também surgem outras lutas, como por educação, moradia, etc.
O Alto Sertão Sergipano corresponde sete municípios da parte noroeste do Estado de Sergipe – Canindé de São Francisco que faz divisa com Alagoas e Bahia no extremo noroeste; Gararu; Monte Alegre de Sergipe; Nossa Senhora da Glória; Nossa Senhora de Lourdes; Poço Redondo; e Porto da Folha – com uma área total de 4.900,683 Km² de extensão correspondente a 22,37% de todo o território do Estado de Sergipe, segundo dados do IBGE de 2007 que também dispôs em 2001 que a densidade demográfica dessa região é de 28 habitantes por Km². É um território com um déficit habitacional de 5.042 unidades, taxa de urbanização de 44,32% e taxa de analfabetismo em torno de 37%. OS municípios são caracterizados pela vegetação de caatinga e clima semiárido, porem é uma região marcada por lutas e conflitos agrários desde a década de 1970.
O território do alto sertão abriga ainda, uma população tradicional de comunidades quilombolas, distribuídas nos municípios de Poço Redondo e Porto da Folha. Com destaque, para os últimos remanescentes de indígenas do Estado: tribo de índios xocós na Ilha de São Pedro, no Município de Porto da Folha.
Nesse sentido, foi desenvolvidas coletas de materiais para a construção de um dossiê das diversas formas de lutas em todo o território do alto sertão, envolvendo textos e noticias acerca de tais manifestações, os quais se encontram no blog Mestrado Educampo UFRB. Essa coleta se deu por meio de pesquisa em bibliotecas da região, sem muito sucesso, diga-se de passagem, em arquivos pessoais de lideres que fizeram/fazem parte dos movimentos e por meio da internet, o que nos possibilitou ter acesso a dados que compõe, tanto o dossiê, como este texto.
Pode-se perceber, contudo, que ainda há uma pobreza no que se refere a registros destas lutas, sobretudo nos períodos anteriores ao século XXI , os próprios organizadores, ou seja, os movimentos sindicais, sociais e religiosos não tiveram o cuidado em arquivar as noticias a respeito das ações desenvolvidas. No entanto, é possível encontrar em estudos mais gerais do estado de Sergipe, diversos trabalhos de monografia, dissertação, teses e artigos que trazem elementos destas lutas e destes movimentos.
Tivemos a oportunidade de pesquisar – tanto na licenciatura em história pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), como na especialização em residência agrária pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) – esses períodos da história dos movimentos e lutas sociais para a realização do trabalho de conclusão de curso, portanto, foram duas monografias que abordam de forma geral as lutas deste período. É importante citar aqui também, um dos estudos mais completos e pontuais desse processo, que é a tese de doutorado da professora Theresa Cristina Zavaris Tanezini[2], intitulada – Territórios em Conflito no Alto Sertão Sergipano – apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Sergipe, que traz elementos específicos acerca dessas lutas no Alto Sertão Sergipano, sobretudo os avanços da luta pela terra e da construção da reforma agrária.
Neste sentido, é importante ressaltar também que, no período das décadas anteriores ao século XXI, por ser um período mais distante, os registros por meio da internet são ainda mais escassos. Assim, tendo que recorrer a arquivos pessoais de lideranças, bem como através da memória destes, sendo as fontes limitadas para a construção de um dossiê que traga maiores informações destas lutas. Contudo, percebe-se também que na década de 1980 as lutas eram mais localizadas e por ainda sofrerem resquícios do regime militar não eram ações fáceis, ou seja, ainda havia muita repressão policial, o que não estimulavam a participação massiva nas lutas e manifestações.
Já na década de 1990, sobretudo a partir de 1996, as lutas passam a se intensificarem no Alto Sertão Sergipano de forma a garantir uma expansão, sobretudo, da luta pela terra em todo o território, o que vai se intensificar e ganhar destaque na primeira década do século XXI. Desde modo, aglomerando novos públicos e novas frentes de luta, como é o caso da  participação da formação do Coletivo de Juventude e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), entre outros.
Diante do que foi coletado, faremos a seguir uma descrição simplificada, sem maiores aprofundamentos, das principais lutas existentes no Alto Sertão Sergipano em cada uma destas décadas, conforme a junção do material a respeito das mesmas postadas no blog,  citado anteriormente.


II. Primeiros resquícios das lutas do Campo no Alto Sertão Sergipano

Uma das primeiras manifestações de luta de que temos noticia no Alto Sertão Sergipano é a presença do cangaço, como elemento de luta contra o poder dos coronéis, muito forte no nordeste. O cangaço em Sergipe tem grande impacto na região do semiárido, ou seja, do alto sertão, sobretudo nos municípios de Porto da Folha, Canindé de São Francisco e Poço Redondo onde tombaram Lampião e seu bando na Grota de Angicos em 28 de julho de 1938.
Outra Importante luta, mais antiga que se tem noticia, e se intensifica no Alto Sertão a partir da década de 1970, que se estende até a primeira década do século XXI, são as lutas das comunidades tradicionais, as quais se organizavam pela posse, reconhecimento e demarcação de suas terras. Destacamos aqui, principalmente a luta dos índios Xocós no município de Porto da Folha e dos remanescentes de quilombos, no mesmo município, e a luta da comunidade Guia no Município de Poço Redondo, como descreve TANEZINI (2014):

No Alto Sertão Sergipano a luta dos povos tradicionais pela reterritorializaçao se deu ao longo das três décadas da luta pela terra, a partir do final da década de setenta, atravessando suas três fases: os índios Xocó, inauguraram a questão agrária e a alteração desse espaço agrário - em 1979 e permaneceram em luta até completar seu território com o reconhecimento oficial da fazenda Caiçara, em 1991. A luta pelo reconhecimento das áreas de remanescentes de quilombos iniciada em 1992, com a luta do Mocambo, titulada em 2000 e a luta de Serra da Guia iniciada em 2004 se prolongou até 2013. (TANEZINI, 2014, p. 360)

Ainda no final da década de 1970, os índios ocupam o território da ilha de São Pedro no município de Porto da Folha, território esse, circulado pelo Rio São Francisco, e que será conquistado há uma media de dez anos depois de iniciada a luta, como descreve Beatriz Goes Dantas, citada por TANEZINI (2015):

Segundo Beatriz Goes Dantas, em 1978, após várias tentativas de serem reconhecidos como donos das terras, os Xocó, ocuparam a ilha de São Pedro, com apoio de militantes do PT, do DCE da UFS e a comissão Pró-Indio/SE, recém criada no mesmo ano nacionalmente, segundo Santos (2008). A primeira luta vitoriosa pela terra no Alto Sertão Sergipano foi o reconhecimento da Ilha de São Pedro, como território Xocó, em 1979. (In. TANEZINI, 2015, p. 364)

Já a luta dos remanescentes de quilombos na região é ainda mais antiga, pois os negros do mocambo em Porto da Folha já viviam ali desde o final do século XVII lutando pela demarcação e posse desta terra.

...a respeito do Mocambo de Porto da Folha, os “mocambeiros” viviam naquelas terras reivindicadas como território desde o final do século XVII, há mais de 300 anos. “Quilombos eram lugares escondidos no interior onde os escravos fugidos se refugiavam e ali formavam comunidades de resistência, Muitos índios também seguiam os negros na fuga contra a escravidão”. (TANEZINI, 2015, p. 370)

 No que se refere à luta da comunidade Guia, também de remanescente de quilombo, no município de Poço Redondo, apesar de já estarem nessa comunidade há muitos anos, só se tem registro do processo de luta desses povos a partir da década de 1990, como veremos no tópico a seguir.
Alem das lutas dos índios e dos negros, a década de 1980, foi um período de lutas ligadas, sobretudo a igreja católica a partir das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que articulou por todo o Brasil diversas manifestações e lutas voltadas para a organização dos trabalhadores do campo e da cidade, e vai dar origem a Comissão Pastoral da Terra (CPT) que desenvolverá importantes lutas pela terra por todo o país, como descrevemos em nosso trabalho de monografia[3]:

Também inspirada pela Teologia da Libertação, surgem as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) como forma de organizar os trabalhadores rurais e urbanos na luta contra as injustiças e por seus direitos, que, em meados da década de 1970, já existiam em todo o Brasil.
Em 1975, é criada, em Goiânia, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a partir das comunidades das CEBs, em meio a inúmeros conflitos e devastação de povos indígenas na região amazônica. Com a eclosão de conflitos pela terra em todo o país, a CPT passa a atuar, a nível nacional, em um organismo pastoral autônomo. (JESUS, 2008, p. 18).

É nesse contexto que acontecem as lutas por terra no Alto sertão sergipano na década de 1980, que se dão através da CPT e dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs).
A primeira luta que se tem registro nesta década (1980) no Alto Sertão é a ocupação da Fazenda Morro do Pato, no município de Nossa Senhora da Glória, em agosto de 1985, por trabalhadores rurais ligados ao STR, como descreve SOBRAL (2002):

Morro do Pato, no Município de Nossa Senhora da Glória, foi a primeira ocupação de terra no Estado de Sergipe, no período de abertura política, em agosto de 1985. Tratava-se de um latifúndio pertencente a diocese de Propriá e que estava abandonado. Alguns camponeses, muitos dos quais ligados ao Sindicato Rural de Nossa Senhora da Glória, sob a direção de João Santana, mais conhecido como João Sessenta, começaram a fazer roças comunitárias na área e, após varias discussões, resolveram ocupar aquela área. (SOBRAL, 2002, p. 66)

 Nesta ocupação, tem-se registro que os trabalhadores tiveram apoio da própria igreja através de freiras que os ajudavam, porem, quando se instalou o conflito, elas recuaram e tomaram partido da igreja. (SOBRAL, p. 66 2002). Foi uma ocupação marcante para o desenvolvimento de lutas posteriores, como é o caso Barra da Onça.
A Luta pela terra, na fazenda Barra da onça no Município de Poço Redondo, foi importante, inclusive para o surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Sergipe. A ocupação se deu em setembro de 1985, articulado tanto pelos STRs como pela CPT, e foi organizada a partir de diferentes frentes de ocupação, ou seja, cada grupo ocupou um ponto diferente do latifúndio, como descrevemos em outro trabalho monográfico[4], foi uma luta protagonizada pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais de Poço Redondo, Nossa Senhora da Glória e Porto da Folha, com apoio da Pastoral da Terra e da Pastoral Social de Poço Redondo ligado à Diocese de Propriá (JESUS, 2015 p. 48). Vale ressaltar que a Fazenda Barra da Onça, foi o primeiro imóvel desapropriado no estado de Sergipe para fins de reforma agrária. Na ocupação, se deram conflitos, que ainda sofria  repressão militar com operações policiais violentas, como descreve SILVA E LOPES (1996):

A primeira operação policial para desalojar as 17 famílias do “grupo de Poço Redondo” aconteceu no dia 26 de setembro de 1985. Fazia apenas três dias que eles haviam ocupado o imóvel. Expulsos. Acamparam em um local a beira de uma estrada próxima a “fazenda”. (SILVA E LOPES, 1996, p.34).

SOBRAL ainda acrescenta,

No dia 5 de outubro, a polícia não satisfeita, destruiu o acampamento na beira da estrada. Os ocupantes então mudaram a estratégia, chamada por Raimundo de assentamento popular: de dia, eles ocupavam as terras e, de noite, eles voltavam para Poço Redondo para dormir. E este grupo inicial começou a crescer rapidamente, mesmo diante das pressões. O grupo marcava as assembleias na caatinga e discutia as formas de encaminhamento dos problemas. Nessas reuniões apareceu um grupo de apoiadores de Nossa Senhora da Glória, de mais ou menos dez pessoas, dentre eles João Santana, Mikchael Dessy e Madalena Santana. (SOBRAL, 2006, p. 108, grifos nossos).

Alem das ocupações, ocorreram também importantes mobilizações pela desapropriação de terras e contra as oligarquias rurais daquele período na região. Entre estas manifestações, destacamos uma que aliava luta e Fé, que foi a realização da 9ª Romaria da Terra em Poço Redondo, com o tema “Terra dom de Deus, conquista de um povo” em outubro de 1986 (SOBRAL, 2002, p. 55). Foi um evento de animação e resistência na luta e o fortalecimento entre os trabalhadores e a pastoral da terra da Diocese de Propriá.
Os trabalhadores que não foram assentados em barra da onça juntaram-se a outros trabalhadores ligados aos STRs de outros município,  e ocuparam a Fazenda Pedras Grandes, também no município de Poço Redondo, como relata o Senhor Sebastião em entrevista concedida a nós para a realização do nosso trabalho monográfico:

Os excedentes de Barra da Onça ocuparam, em 26 de dezembro de 1986, a Fazenda Pedras Grandes, no mesmo município, que era do mesmo dono e que estava abandonada. Juntaram-se a eles trabalhadores de Monte Alegre e do povoado Sítios Novos. O acampamento, assim como Barra da Onça também sofreu perseguição da Policia Militar e dos fazendeiros, sob comando do então governador do estado, como relata um assentado entrevistado. Quando fizeram os barracos ali do lado de cima, foi quando a policia veio, prendeu gente, escurraram outros, queimaram barracos, queimou galinha, panela, feijão, o que tinha dentro, derrubaram tudo e queimaram com tudo... (Sebastião da Silva Neto, em entrevista a este autor em 19/12/2007).

Como relatados pelo Senhor Sebastião, Pedras grandes também foi uma luta de grandes desafios pelas diversas repressões, mas, assim como Barra da Onça, conseguiram conquistar a terra e passaram a serem exemplos de luta e resistência para o estado de Sergipe.
Trabalhadores destas ocupações participaram do Congresso de Fundação do MST em 1985, que juntamente com outras lideranças no estado de Sergipe fundaram este Movimento. Como descreve Morisawa, A formação do MST em Sergipe começou com a participação de 9 representantes no 1º Congresso Nacional. Os conflitos por terra estavam então em plena efervescência, nas regiões de Própria e Pacatuba. (MORISAWA 2001, p. 182, grifos nossos). A partir de então com a unificação das lutas por terra se dão por este Movimento que passa a se expandir por todo o estado de Sergipe e não se tem noticias de outros movimentos e lutas nessa região até meados da década de 90.

III. A efervescência da Luta Pela Terra no Alto Sertão Sergipano na década de 1990

As lutas no Alto Sertão sergipano, na década de 1990, se deram sobretudo pela organização do Movimento Sem Terra que desenvolve nesse período sua fase de expansão pelo estado de Sergipe. Contudo, o MST tinha os STRs como espaço de discussão nos municípios da região e passam a intensificar a luta a partir de 12 de março de 1996 com uma grande ocupação de trabalhadores no alojamento da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) as margens do Rio São Francisco no município de Canindé de São Francisco, a qual tinha o objetivo de unificar forças e ocupar posteriormente vários latifúndios espalhados por todo o território.  Eram cerca de duas mil famílias que ocuparam o alojamento, representando a maior ocupação do Movimento Sem Terra, até então, no estado de Sergipe, como descrevemos em nosso trabalho de monografia, citado anteriormente:

Essa ocupação tinha seus objetivos e finalidades definidas, ou seja, reivindicava-se a desapropriação das Fazendas Cuiabá (com 2.023 hectares), e a Fazenda Bela Vista (com 1.200 h), ambas no município de Canindé do São Francisco. Porém, a principal reivindicação se dava pela desapropriação de 15 mil hectares no município de Poço Redondo, incluindo-se nelas mais de cinco mil hectares que transformariam o Projeto de Irrigação Jacaré Curituba, em projeto de assentamento de Reforma Agrária, que teriam sido planejados para a implantação de lotes empresariais.
Os trabalhadores envolvidos nessa ocupação eram oriundos de todos os municípios do sertão sergipano, como também trabalhadores vindos de Alagoas, Pernambuco e Bahia. Em sua maioria, eram trabalhadores rurais que trabalhavam no alugado para grandes e pequenos latifundiários da região, mas também trabalhadores urbanos, que haviam sido expulsos do campo com o avanço do agronegócio, além daqueles que haviam ficado desempregados com o fim das obras da hidroelétrica de Xingó. (JESUS, 2008, p. 30-31).

Assim, oriundas desta ocupação, varias outras se deram em reivindicação dos referidos latifúndios, que é o caso da marcha que ocupou em 12 de abril de 1996 a Fazenda Cuiabá, como descreve em seus versos o poeta José Ailton Franculino dos Santos a respeito da referida ocupação:

Só passaram 30 dias
Na CHESF sem trabalhar
O fazendeiro Antônio Dutra
Começou andar por lá
Disse a porteira está aberta
Da fazenda Cuiabá
...
Formaram duas fileiras
Amigo vou lhe explicar
Chegando em Canindé
Só via o povo falar
Estamos no fim da era
O mundo vai se acabar
...

Ainda de origem da ocupação da CHESF, e sendo a terra da Fazenda Cuiabá em Canindé de São Francisco, insuficiente para todos os acampados, os excedentes ocuparam no dia 18 de setembro de 1996 a fazenda Alto Bonito que abrangia terras de dois municípios - Canindé do São Francisco e Poço Redondo. Essa grande ocupação do Alto Bonito, com mais de 1.800 famílias, formou uma verdadeira “cidade de lona preta” com grande visibilidade por localizar-se nas margens da rodovia estadual SE-230. (TANEZINI, 2014, p.395).
A partir das ocupações, realizaram-se marchas, como é o caso da Marcha Nacional realizado em 1998, que, em Sergipe, aconteceu de 24 de agosto a 07 de setembro saindo de Canindé a Aracaju. Os trabalhadores, em sua maioria de Poço Redondo, percorreram aproximadamente 200 km com as mais diversas reivindicações, juntando-se, aos trabalhadores das demais regiões e a outros movimentos,  participaram do grito dos excluídos no dia 07 de setembro. Outras importantes marchas, mobilizações e atos se deram por toda a região por reivindicações para os acampamentos espalhados por vários municípios, com destaque para Poço Redondo que concentrou o maior numero de ocupações na década de 90.


IV. Novos campos de luta no Alto Sertão Sergipano no inicio do século XXI

A primeira década do século XXI no Alto Sertão Sergipano é marcada por transformações nas lutas estabelecidas neste território. Muitas das ocupações realizadas pelo MST já haviam conquistado a terra, as lutas desenvolvidas na ultima década do século anterior passa a dar visibilidade na construção de um processo de reforma agrária. Deste modo, as lutas passam a ganhar novos campos de atuação e inclusive surgindo novas frentes de luta, ou seja, estas se desligam apenas da luta pela terra e passam a ter grande atuação, pela organização de novas comunidades de pequenos agricultores, e a luta de jovens por direitos a educação. Assim, lutas antigas, como é o caso dos quilombolas, continuam a se desenvolverem na região.
A luta da Serra da Guia em Poço Redondo, sobretudo pela demarcação do território quilombola, que embora não haja registros históricos de como esses remanescentes chegaram naquela região, nem de quando se inicia a luta pela posse daquelas terras, ganham ênfase a partir da primeira década do século XXI.

A luta da Serra da Guia, em Poço Redondo, com 197 famílias (871 pessoas), igualmente apoiada pelas pastorais sociais da mencionada Diocese de Propriá, pelo seu reconhecimento enquanto comunidade remanescente quilombola é bem mais recente e se iniciou na primeira década do século XXI.
Diante da nova legislação o processo foi em grande parte tornou-se responsabilidade do INCRA, após a auto-identificação da comunidade e reconhecimento pela Fundação Cultural Palmares, sob processo INCRA nº 45370000549/ Serra da Guia 2005/38.
O processo avançou a partir de 25 de fevereiro de 2010, com a conclusão do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação do Território (RTIDT) da Comunidade Remanescente de Quilombo “Serra da Guia”, Poço Redondo/SE, pela Divisão de Ordenamento da Estrutura Fundiária do INCRA-SR 23/SE. (TANEZINI, 2014, p. 374)

Entretanto, as ocupações de terra no alto sertão lideradas pelo MST continuam com ênfase nesse inicio de século, embora com números bem mais reduzidos de famílias conforme descreve TANEZINI (2015):

Apenas em Monte Alegre a situação se manteve a mesma do ano anterior nos 8 acampamentos (116 famílias) antigos criados entre 2003 e 2007.
A estratégia de ocupação vem sendo afetada pela possibilidade concreta de vitória majoritariamente constituída de assentamentos bem menores que no início do processo de reforma agrária. Dessa forma ao invés dos grandes acampamentos-mãe numa região, predominam hoje os pequenos acampamentos de 5 a 29 famílias, seguidos pelos médios de 30 a 99 famílias, disseminados em diversas áreas, sendo raros (apenas quatro) os grandes assentamentos de mais de 100 famílias: Herbert de Souza, com 288 famílias, em Poço Redondo, iniciado em 1999; Adão Preto com 110 famílias, em NSa Glória, iniciado em 2000; Manoel Dionízio Cruz com 120 famílias e Luiz Alberto com 227 famílias, ambos em Canindé do São Francisco, iniciados em 2010 (INCRA/OUVIDORIA AGRÁRIA, 13/12/2010)1 sendo que não surgiu nenhum grande acampamento até outubro de 2011. (TANEZINI, 2014, p. 416)

Contudo, como já dito anteriormente, as lutas nesse período não se concentraram apenas pela terra, mais passaram a ganhar novos campos de atuação, como é o caso do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) que passa a organizar agricultores a partir da Comunidade Retiro no Município de Monte Alegre no ano 2000, conforme lideranças contactadas. Expandindo para diversas outras, a exemplo, das comunidades Santa Rita e Pelado no Município de Canindé de São Francisco; Comunidade Cururu, Garrote do Emiliano e Maranduba em Poço Redondo; Comunidade Lagoa da volta em Porto da Folha, entre outras.  O MPA passa a atuar também na discussão acerca da produção de alimentos saudáveis e na organização dos agricultores através do seu plano camponês, bem como, contra os transgênicos e pela soberania alimentar e trazendo discussões acerca da organização da produção e na luta contra a exploração destes trabalhadores.
Cabe destacar aqui, outra forma de organização da luta nesse inicio de século (XXI), que é o caso da atuação do Coletivo de Juventude Campo e Cidade do Alto Sertão, articulado e formado por jovens oriundos de grupos sociais, como relatam os membros do coletivo Damião e Elielma:

O Coletivo da juventude Campo e Cidade do alto sertão sergipano é uma articulação da juventude dos Movimentos Sociais do campo, pastorais, grupos culturais, sindicatos, estudantes dos diversos municípios do alto sertão sergipano, que desde 2008 vêm buscando se organizar enquanto juventude da classe trabalhadora para unificar força e bandeiras de luta. Partindo a principio de uma analise da conjuntura política e da realidade social da juventude do alto sertão sergipano, diante dessa realidade se percebeu a necessidade da juventude sertaneja buscar instrumentos de organização, para construir lutas comuns a toda a juventude (In. http://mstsergipe.blogspot.com.br/2013/09)

 O coletivo promove cursos de formação para a juventude do alto sertão e encabeçaram a luta pelo campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS) no Alto Sertão Sergipano que foi retomada pelo coletivo no ano de 2009 com varias ações na região por meio de Território da Cidadania do Alto Sertão. Dessas lutas, destacamos a principal delas, que foi a marcha que aconteceu em 11 de agosto de 2011, (...) com a participação de 12 mil pessoas, saindo do Projeto de assentamento Queimada Grande ao Ginásio de esporte da cidade de Poço Redondo, onde aconteceu audiência publica[5].
Os jovens ainda protagonizam a luta, não apenas por meio de um grupo especifico, mais sobretudo, pela garantia dos direitos, entre eles o direito a educação. Como é o caso da ocupação da rodovia SE206 em 10 de dezembro de 2015, por reinvidicações nas melhorias para as escolas estaduais, sobretudo do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro que recebe educandos/as de todo o Alto Sertão para os cursos tecnológicos em agropecuária e agroindústria.
Outro destaque para a luta dos jovens pela educação, é a ocupação das escolas estaduais em outubro e novembro de 2016, contra a PEC 241 – Atual PEC 55 –  que trata do congelamento dos recursos públicos da educação e saúde por vinte anos, bem como, contra a Lei 13.415, que foi publicada em 2017 que trata das mudanças no ensino médio. Com destaque para o Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro - que tivemos a oportunidade de acompanhar e visitar –  Colégio Estadual Justiniano de Melo e Silva, ambos no município de Poço Redondo, e o Colégio Estadual Professora Maria Zenite dos Santos no Povoado Lagoa Redonda no município de Porto da Folha. Alem de outras tentativas de ocupações, como é o caso do Colégio Estadual Dom Juvêncio de Brito no Município de Canindé de São Francisco e Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa no Município de Nossa Senhora da Glória e Colégio Estadual 28 de janeiro no município de Monte Alegre. Sendo esta uma luta que se deu em todo o Brasil e que infelizmente o atual governo – golpista, diga-se de passagem – não respeitou a luta destes jovens e ainda tem a indecência em propagandear que para a tal mudança foi ouvida mais de 70% da população, desrespeitando assim a luta e a população brasileira.
Nas primeiras décadas do século XXI, registrou-se também outras lutas de movimentos e grupos sociais e de trabalhadores isolados, como é o caso das ações dos sindicatos de servidores nos municípios, a exemplo da manifestação de trabalhadores do campo e da cidade em Canindé de São Francisco no 1º de maio de 2012. Entre estes enfrentamentos, algumas manifestações pontuais de comunidades pela resolução de problemas constantes, como a falta de água nos municípios e pela valorização do trabalho dos pequenos produtores como é o caso do fechamento da rodovia SE206, conhecida como Rota do Sertão, nas imediações do Povoado Vaca Serrada, no dia 23 de novembro de 2016, entre os municípios de Monte Alegre e Porto da Folha contra o fechamento de fabriquetas e pequenos laticínios nos referidos municípios, conforme noticiado pelo G1SE.
Diversas outras manifestações espalhadas por todo o Alto Sertão Sergipano se configuram em processos que não apenas estão dentro dos Movimentos Sociais, mais que acontecem de formas diversas em todos os municípios.


V. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo das informações por meio de noticias, livros, trabalhos acadêmicos e textos com os quais tivemos acesso, podemos avaliar as proporções que as Lutas e Movimentos Sociais tem tomado no Alto Sertão Sergipano e de como estas lutas tem transformado a vida social e política na sociedade sertaneja. Assim, podemos chegar a algumas conclusões que nos permite analisar tais proporções.
Primeiramente, podemos constatar a importância da luta pela terra e consequentemente pela Reforma Agrária para as transformações necessárias na realidade dos municípios do Alto Sertão. Bem como, os rumos que as lutas tomaram, sobretudo para campos mais abrangentes que envolvem novos públicos, como o caso da juventude na luta pela democratização pela educação pública.
A partir do que foi desenvolvido e relatado, conclui-se que as lutas no Alto Sertão Sergipano se configuram em poucos movimentos sociais e a luta pela terra deixa de ser o foco. No entanto, são as lutas por terra anteriores que de certa forma se desencadeiam nessas novas formas de luta. Percebe-se grande importância da articulação juvenil que parece ter aprendido das lutas dos movimentos sociais a lutar por seus direitos e do seu protagonismo no meio social nos municípios de toda a região. Contudo, mesmo essas lutas não se configurando como Movimento Social, foi destes que surgiram o exemplo e garra nas lutas ultimamente desenvolvidas no alto sertão os princípios e as formas de organização.
Percebe-se, contudo que no decorrer dos anos e na evolução das lutas protagonizadas a principio pelos movimentos sociais, que estas lutas tem ganhado forças e grande simpatia popular por demonstrarem na pratica que a organização e a luta por seus direitos é a saída para garantir direitos e pela inserção social dos grupos menos favorecidos. Desta forma, podemos perceber que as lutas no Alto Sertão Sergipano, retratam as expressões de transformações de vidas marcando etapas de construção de uma nova história.
É importante ressaltar aqui que a falta de arquivamento de materiais necessários para a realização de uma pesquisa acerca deste tema, é dificultado, pois não se encontram nas bibliotecas da região materiais que dê suporte na construção de um trabalho mais completo, sobretudo nas décadas anteriores a 1900. No entanto, ainda existe uma grande memória viva destas lutas que precisam ser resgatado e registrado.


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS


JESUS, Gidelmo Santos de. A Luta pela Terra e a Consolidação do MST em Poço Redondo/SE – 1996/2000. Trabalho de conclusão do curso de Graduação apresentado ao Departamento de História, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa/PB, Maio de 2008.

___________________. O MST e a Transformação Agrária em Poço Redondo - SE. Gidelmo Santos de Jesus. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Residência Agrária, da Universidade Federal de Sergipe. – São Cristovão, 2015.

SANTOS, José Ailton Franculino dos. Cordel: A luta e a Conquista do Jacaré Curituba.

SERGIPE, Governo do Estado de. Plano de Desenvolvimento do Território. Secretaria do Estado do Planejamento. Sergipe, 2008

SILVA, Maria Neide Sobral da. Contando nossa história: camponeses sergipanos e a luta pela terra. UFS/PROEX/DED/NEPA/CEAD, 2002

SILVA, Rosemiro Magno da e LOPES, Eliano Sérgio Azevedo. Conflitos de terra e reforma agrária em Sergipe. Universidade Federal de Sergipe/EDUFS. Secretaria de Estado da Irrigação e Ação Fundiária, Aracaju, SE: 1996.

SOBRAL, Maria Neide. História oral da vida camponesa: Assentamentos de Reforma Agrária em Sergipe. São Cristovão: Editora UFS, 2006.

TANEZINI, Theresa Cristina Zavaris. Territórios em Conflito no Alto Sertão Sergipano. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Sergipe, UFS.  São Cristovão-SE, 2014.





[1] Licenciado em História pela Universidade Federal da Paraíba; Especialista em Residência Agrária (Agoecologia, Questão Agrária, Agroindústria e Cooperativismo) pela Universidade Federal de Sergipe; Especialista em Metodologia do Ensino de História pelo Centro Universitário Leonardo da Vince; Especialista em Educação do Campo pela Faculdade São Braz; e Aluno Especial do Curso de Mestrado em Educação do Campo pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano. Email: gsjmst@yahoo.com.br

[2] Professora do Curso de Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Sergipe; coordenadora do Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial do Alto Sertão Sergipano; Graduada em Serviço Social pela Universidade de Brasília - Brasília - DF; Mestre em Sociologia, com área de concentração em sociologia rural pela Universidade Federal da Paraíba, campus II - Campina Grande - PB; Doutora em Geografia pelo Núcleo de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal de Sergipe - São Cristóvão - SE. (UFS › SIGAA - Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas)
[3] Monografia do Curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal da Paraíba UFPB – intitulada A luta pela Terra e a consolidação do MST em Poço Redondo/SE – 1996/2000. UFPB 2008.
[4] Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Residência Agrária da Universidade Federal de Sergipe – UFS – intitulada O MST e a transformação agrária em Poço Redondo/SE. UFS 2015.
[5] Elielma Barros e Damião Rodrigues (Coletivo da Juventude Campo e Cidade) Postado por MST - Sergipe às 20:49  em 3 de setembro de 2013.

terça-feira, 4 de julho de 2017

CADERNO CONFLITOS NO CAMPO 2015 - CPT



Em 2017 a CPT lança o Caderno de Conflitos no Campo no cenário brasileiro e traz a tona diversas comunidades que resistem contra as empresas capitalistas que exploram os  bens naturais e interfere na Cultura da comunidade em nome da exploração e acúmulo de riquezas para seus grandes proprietários. O Território do Sertão Produtivo tem destaque nesse caderno pela quantidade exorbitante de empresas, sobretudo multinacionais que chegou nesse território para a exploração de minérios e com o apoio do poder público tem se estabilizado e aumentado assim, cada vez mais a tensão com comunidades do Campo.

Destacamos abaixo algumas  comunidades do Território que apresenta conflitos com as empresas: Caetité, Pindaí, Lagoa Real, Igaporã.  Caetité é uma das cidades mais conflituosas do território (em termo de quantidades de comunidades), a qual  isso se justifica pelo fato da maioria das empresas estarem instalada e "regulamentadas" nesse espaço.

Trecho  retirado do caderno Conflitos do Campo- 2015 - CPT 

Capa do caderno:  Conflitos no Campo- 2015 






Trecho recortado do material