Movimentos de luta pela terra ocuparam órgãos
públicos na Bahia
29/04/13
A mobilização começou nesta manha de segunda-feira, 29/09, e segue até
que as propostas sejam ouvidas pelos governos Estadual e Federal
O Movimento dos Acampados e Assentados e Quilombolas da Bahia (CETA),
Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), Pastoral Rural, Movimento dos
Pequenos Agricultores (MPA), Articulação Estadual de Fundos e Fechos de Pasto e
Povos Indígenas ocuparam desde a madrugada desta segunda-feira, 29/04, em Senhor
do Bonfim, Ubaitaba, Bom Jesus da Lapa, Cícero Dantas, Adustina, Esplanada,
além de paralisações das BRs 116 entre Ribeira do Pombal e Cícero Dantas e a BR
116 entre Tucano e Euclides da Cunha. A mobilização integra a jornada de luta
dos movimentos para denunciar o descaso dos poderes públicos baianos e
nacionais em relação (1) aos efeitos da seca, que já dizimou quase todo nosso
rebanho; (2) a desmontagem da reforma agrária, recentemente equiparada a medida
do Programa Brasil sem Miséria; (3) a aposta governamental no desenvolvimento
excludente baseado na exploração mineral, agronegócio, monocultura de
eucaliptos, em grandes obras de infraestrutura para exportação de
matérias-primas, estádios de futebol etc., e, por fim, a fragilidade do apoio à
produção de alimentos da agricultura familiar e reforma agrária.
Apenas denunciar, porém, não basta. Apresentamos reivindicações gerais
em pautas unificadas às diversas autoridades nacionais e estaduais, procurando
informar à sociedade os motivos que nos impele à ação. Do governo esperamos
respostas às reivindicações, diálogo e negociação.
Manifesto dos Movimentos Sociais
Ação imediata contra a seca, a favor da reforma agrária e territórios tradicionais
Ação imediata contra a seca, a favor da reforma agrária e territórios tradicionais
Bahia, 29 de abril de 2013.
Os movimentos sociais CETA, MTD e PASTORAL RURAL decidiram realizar
contundentes ações de protesto em quatro regiões da Bahia (Sul, Lapa, Senhor do
Bonfim e Cícero Dantas) para denunciar o descaso dos poderes públicos baianos e
nacionais em relação (1) aos efeitos da seca, que já dizimou quase todo nosso
rebanho; (2) a desmontagem da reforma agrária, recentemente equiparada a medida
do Programa Brasil sem Miséria; (3) a aposta governamental no desenvolvimento
excludente baseado na exploração mineral, agronegócio, monocultura de
eucaliptos, em grandes obras de infraestrutura para exportação de
matérias-primas, estádios de futebol etc., e, por fim, a fragilidade do apoio à
produção de alimentos da agricultura familiar e reforma agrária.
Apenas denunciar, porém, não basta. Apresentamos reivindicações gerais
em pautas unificadas às diversas autoridades nacionais e estaduais, procurando
informar à sociedade os motivos que nos impele à ação. Do governo esperamos
respostas às reivindicações, diálogo e negociação.
Não aceitamos que a política Nacional de Reforma Agrária seja equiparada
às medidas emergenciais do Programa Brasil sem Miséria. Ela deve ser tratada
como elemento estratégico de um projeto de desenvolvimento econômico e social
para o campo brasileiro. Nosso país não pode pensar seu desenvolvimento
apenas pela ótica do agronegócio, das grandes obras projetadas por
empreiteiras, da mineração, da celulose, energia etc., a exemplo do que ocorre
com a Bahia. Neste estado, dos R$ 63 bilhões de investimentos públicos e
privados previstos para ocorrer entre 2013 e 2015, 65% do total estão alocados
nos setores de energia, mineração e papel-celulose.
A política de Reforma Agrária hoje sofre um duro golpe com a edição de
portarias e instruções normativas que visa sepultar qualquer promessa de distribuição
de terras aos trabalhadores rurais no Brasil. Por essas normativas, a reforma
agrária está sendo inviabilizada como instrumento da soberania alimentar e
política dos camponeses e se tornando mais alinhada com o modelo de
desenvolvimento excludente em curso, baseado na expansão do agronegócio, na
concentração de terras e recursos naturais, conforme projetos
públicos e do capital.
É nesse contexto que se inserem obras como a transposição do Rio São
Francisco, a Ferrovia de Integração Leste-Oeste, o Porto Sul, em Ilhéus, o
estaleiro naval na Baía do Iguape, as extensas áreas destinadas ao plantio de
eucalipto, a exploração mineral em diversos territórios de identidade da Bahia
e do Brasil, sobretudo a exploração de ferro, urânio etc. e, mais recentemente,
os parques eólicos.
A titulação de territórios indígenas está ameaçada pela possibilidade de
aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n.º 215, que busca retirar
o poder do Executivo em demarcar territórios e transferi-lo ao Congresso Nacional,
dominado por ruralistas e organizações contrárias à reforma agrária. Assim se
organizam para retirar direitos já consagrados e negar a dívida histórica e
social para com os povos indígenas e quilombolas.
Nossas comunidades no semiárido concebeu a ideia de convivência com os
biomas caatinga e cerrado, desenvolvendo tecnologias apropriadas para a
permanência das famílias na região, mesmo com longos períodos de estiagem. No
entanto, o Estado tem tratado a questão da seca como um problema superficial e
não tem formulado, ao longo dos anos, políticas sérias de tratamento da
questão, ao contrário, tem fomentado a indústria da seca, beneficiando
oligarquias locais e regionais, o que hoje pode ser percebido através da
implantação de cisternas de plástico, em que o principal beneficiado é a
empresa de Fernando Coelho, atual Ministro da Integração Nacional, a qual, em
sociedade com o mexicano Carlos Slin, o homem mais rico do mundo, construirá
300 mil cisternas de plástico ao custo de 1,5 bilhão de reais. O Estado
brasileiro não enfrentou até agora a tragédia socioeconômica que representa a
perda de quase todo os nossos rebanhos e sementes nativas, por morte ou venda a
preços irrisórios. É necessário que os governos revejam suas políticas
emergenciais, lentas e ineficazes.
Os fundos e fechos de pasto da Bahia, comunidades tradicionais que
ocupam áreas abertas para a criação de animais à solta, enfrentam, além da
seca, o avanço das cercas de fazendeiros e empresas sobre suas terras. Esses
frequentemente utilizam o expediente da grilagem de terras e a violência armada
e legalizada. O governo do Estado da Bahia não respeita a diversidade de formas
de uso da terra e não promove o reconhecimento dessas posses tradicionais, o
que facilita a entrada de mineradoras e de grileiros. Além disso, de forma
autoritária, quer impor uma limitação ao direito dessas comunidades de
requererem a titulação de seus territórios ao estabelecer como data limite para
tanto o dia 31 de dezembro de 2014, conforme o projeto de lei encaminhado à
Assembleia Legislativa estadual.
Apesar desse cenário desanimador, nós dos movimentos sociais e povos e
comunidades tradicionais nos mantemos em luta. Seguimos ocupando terra e órgãos
públicos, fazendo retomadas, marchas, atos públicos, propondo novos caminhos e
sugerindo políticas públicas estruturantes e necessárias à garantia de nossos
direitos e autonomia.
Reivindicamos que a REFORMA AGRÁRIA não seja confundida com a condição
de Programa Brasil sem Miséria, mas seja vista como uma política pública de
desenvolvimento econômico e social e que se contraponha ao modelo de inserção
no capitalismo mundial levado a cabo pelo governo brasileiro. Para tanto, é
necessário que o órgão responsável seja fortalecido e equipado humana e
financeiramente.
Reivindicamos o reconhecimento e titulação dos territórios tradicionais
de indígenas, quilombolas, fundos e fechos de pasto e demais comunidades
tradicionais.
Reivindicamos o não desmantelamento das propostas populares de
convivência com o semiárido e sim a ampliação das ações, a exemplo da
mobilização popular para a construção de cisternas de placa e demais
alternativas, de políticas públicas de assessoria técnica e educacional
continuada.
Movimento dos Acampados e Assentados e Quilombolas da Bahia – CETA
Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD
Pastoral Rural
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Articulação Estadual de Fundos e Fechos de Pasto
Povos Indígenas
Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD
Pastoral Rural
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Articulação Estadual de Fundos e Fechos de Pasto
Povos Indígenas
Entidades de Apoio
Comissão Indigenista Missionário – CIMI
Comissão Pastoral da Pastoral da Terra – CPT
Centro de Estudos e Ação Social – CEAS
Associação de Advogados dos Trabalhadores Rurais – AATR
GEOGRAFAR
Serviço de Assessoria Jurídica – SAJU
Núcleo de Estudos, Política e Práticas Agrárias – NEPPA
Fórum de Entidades e Movimentos Sociais do Sudoeste
Levante Popular da Juventude – LPJ
Comissão Indigenista Missionário – CIMI
Comissão Pastoral da Pastoral da Terra – CPT
Centro de Estudos e Ação Social – CEAS
Associação de Advogados dos Trabalhadores Rurais – AATR
GEOGRAFAR
Serviço de Assessoria Jurídica – SAJU
Núcleo de Estudos, Política e Práticas Agrárias – NEPPA
Fórum de Entidades e Movimentos Sociais do Sudoeste
Levante Popular da Juventude – LPJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário