Territórios em conflito no alto sertão sergipano
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Autor:
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Primeiro
orientador:
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Conceição,
Alexandrina Luz
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Resumo:
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A Tese
intitulada “Territórios em conflito no Alto Sertão Sergipano” tem como
objetivo a reflexão crítica de dois processos sócioterritoriais distintos e
conflitivos, fundados na apropriação da terra: de um lado, a
territorialização e a monopolização do território pelo capital, hegemônica e
vinculada à acumulação do capital em escala nacional e internacional,
compreendido como desenvolvimento desigual e combinado; e, de outro lado, a
resistência e recriação camponesa como territorialização alternativa; analisando
o papel contraditório do Estado em face das territorialidades conflitantes
que traduzem espacialmente a luta de classes no campo. Ao se adotar a
Geografia Crítica como referencial teórico-metodológico, compreende-se o
espaço social, como “lócus das relações sociais de produção”, resultante do
processo de produção do espaço pelo capital em confronto com os movimentos
sócioterritoriais, em uma abordagem relacional da concepção de território,
que enfatiza os processos geográficos de T-D-R; enquanto lutas sociais, como
versão geográfica da questão agrária. Objetivou-se analisar os processos
empíricos que se desenrolaram, historicamente, na produção e transformação do
espaço agrário do Alto Sertão Sergipano. Esta Tese defende três ideias
centrais: 1ª) A conquista da terra pelos movimentos sócioterritoriais,
sobretudo o MST, e a redistribuição fundiária massiva que marcou a
experiência de reforma agrária nesse espaço geográfico, um ponto de inflexão
na disputa territorial, reverteu o avanço do capital, e propiciou a
recampenização dos trabalhadores rurais sem terra ao serem assentados; 2ª) A
configuração da área reformada e as alianças entre assentados e os camponeses
tradicionais, por meio de seus movimentos sociais, passando a exigir, em
conjunto, seu reconhecimento enquanto sujeitos políticos e agentes econômicos
gestam um abrangente e significativo território camponês; 3ª) Esse território
alternativo questiona e também interfere no espaço hegemônico da ordem social
e política dominante. Os resultados da pesquisa mostraram que as 6.092
famílias organizadas pelo MSTR, Pastorais Sociais, MST, além dos índios Xocó
e dos Quilombolas (Mocambo e Serra da Guia), entre 1979 e 2014, conquistaram
104.612,28 hectares. A estrutura fundiária foi radicalmente alterada: do universo
de 12.728 imóveis e 390.716 hectares cadastrados (INCRA, 2013), restaram
apenas 05 latifúndios de mais de 1.000 hectares (0,03% do total), que
abrangiam 6.392 hectares (1,6 % da área total). Em 48 acampamentos 1.575
famílias continuam lutando pela democratização dua terra. Na disputa pelo
controle da água, o perímetro irrigado empresarial Jacaré-Curituba foi
revertido para a reforma agrária, e há assentamentos dentro do futuro
perímetro Nova Califórnia e ao longo do canal Xingó. Concluiu-se que os movimentos
sócioterritoriais tiveram sucesso na desterritorialização da grande
propriedade improdutiva e produtiva, atuando no sentido da redistribuição de
riqueza, renda e poder no Alto Sertão Sergipano.
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Abstract:
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The thesis entitled
“Territories in conflict in Alto Sertão Sergipano” proposes a critical
reflection as the study objective, of two distinct and conflictive
social-territorial processes, based in land appropriation: on one hand, the
territory expansion and monopolization by capital, hegemonic and linked to
capital accumulation in a national and international scale, understood as an
unequal and combined development; and, on the other hand, the resistance and
landing recreation as the alternative expansion; analyzing the State’s
contradictory role regarding the conflictive territoriality, which spatially
demonstrates the conflicts between classes in the fields. Adopting Critical
Geography as theoretical and methodological reference, the social space is
understood as the place where production social relationships happen, which
is a result of the production process of the space by capital confronting the
social-territorial movements, with a relative approach of the creation of
territory, which emphasizes the T-D-R geographical processes; regarding the
social conflicts, as a geographical version of the agrarian matter. This
study aimed to analyze the empirical processes that were historically
developed in the production and transformation of the agrarian landscape in
Sergipe’s most arid area. This thesis defends three main ideas: the first one
is the land acquisition by social-territorial movements, mainly the MST
(acronym for Landless Workers Movement) and the massive agrarian
redistribution which highlights the experience of agrarian reform in this
geographical space, a point of inflection in the territorial dispute,
reverting the capital advance, it enabled the reconstitution of landless
workers by establishing them in their place as peasants; the second one is
the configuration of the reformed area and the alliances between the
established agrarian workers and the traditional peasants, through their
social movements, starting to demand, as a group, their acknowledgement as
political subjects and economic agents who manage a comprehensive and significant
agrarian territory; the third idea discussed is that this alternative
territory questions and also interferes in the predominant space of the
social and political supreme order. Results from the research show that 6,092
families organized by the MSTR, religious pastoral groups, MST, in addition
to the Xocó indigenous group and the African Quilombola communities (Mocambo
and Serra da Guia), between 1979 and 2014, conquered 104,612.28 hectare. The
agrarian structure has been radically altered: from the figure of 12,728
properties and 390,716 hectare registered (INCRA, 2013), only 5 land
properties of 1,000 hectare each (0.03% of the total area) have remained,
which covered 6,392 hectare (1.6% of the total area). In 48 settlements 1,575
families keep fighting for the democratization of the land. In the dispute
for water supplies control, the business watered perimeter Jacaré-Curitiba
was converted into the agrarian reform and there are settlements in the
future perimeter Nova Califórnia and the region of the Xingó Canal. In
conclusion, the social-territorial movements were successful in expanding
territories for most part of the non-productive and productive properties, making it possible for land, wealth and income to be properly
distributed.
La Thèse intitulée “Territoires en conflit au Haut Sertão Sergipano” vise une réflexion critique de deux processus socio-territoriaux distincts et conflictuels, fondés sur la possession de la terre: d’une part, la territorialité et le monopole du territoire par le capital, hégémonique, liée à l’accumulation du capital dans une échelle nationale et internationale, et qui est comprise comme un dévéloppement inégal et combiné ; et de l’autre part, la résistence et la récréation campagnarde comme alternative; tout en analysant le rôle contradictoire de l’Etat face à des territorialités conflictuelles qui traduisent l’espace de la lutte de classes sociales à la campagne. Par l’adoption de la Géographie Critique comme référentiel théorique et méthodologique, on comprend « l’espace social », comme “lócus des relations sociales de production », c’est-à-dire, comme résultat du processus de production de l’espace par le capital en conflit avec les mouvements socio-territoriaux, et ceci dans un abordage relationnel de la conception de territoire qui met en valeur les processus géographiques du T-D-R ; en tant que luttes sociales et représentation géographique du cas agraire. L’objectif fut d’ analyser les processus empiriques qui se sont déroulés, historiquement, dans la production et transformation de l’espace agraire du « Haut Sertão Sergipano », région de l’Etat de Sergipe, marquée par le manque d’eau et par la sécheresse. Cette Thèse défend trois idées centrales: premièrement, la conquête de la terre par les mouvements socio-territoriaux, en particulier, par le MST- Mouvement de Sans-Terre, et la redistribution foncière massive qui a marqué l’expérience de la reforme agraire dans cet espace géographique, il en résulte un point d’inflexion à la dispute territoriale ce qui a ralenti le pouvoir du capital; et qui a pu favoriser la reprise du savoir-faire de ces travailleurs ruraux qui n’avaient pas de terre ; deuxièmement, la configuration de la superficie réformée par les mouvements sociaux. Des alliances ont été établies entre ceux qui ont gagné leurs terres et les autres, autrement dit, les paysans traditionnels, les deux parties exigeant ensemble, leur reconnaissance en tant que sujets politique et agents économiques gérant ainsi un grand et significatif territoire paysan ; troisièmement, ce territoire alternatif remet en question et intervient aussi dans l’espace hégémonique de l’ordre social et politique dominant. Les résultats de la présente recherche montrent que les 6.092 familles organisées par le MSTR - Mouvement Syndical des Travailleurs Ruraux, Pastorales sociales, MST, ainsi que par les indigènes Xocó et « Quilombolas » - Natifs des communautés organisées autrefois par les esclaves noirs « Mocambo » et « Serra da Guia » ont conquis 104.612,28 hectares entre 1979 et 2014. La structure foncière a complètement été modifiée. En effet, du montant de 12.728 immobiliers et 390.716 hectares inscrits (selon les sources de l’INCRA, 2013), Il ne reste que 05 Grande propriété foncière, mesurant plus de 1.000 hectares (0,03% du total), et qui correspondaient avant à 6.392 hectares (1,6% de la superficie total). Dans 48 campements,1.575 familles continuent leur lutte pour la démocratisation de la terre. Dans cette bataille pour le contôle de l’eau, le périmètre irrigué privé Jacaré-Curituba a été adressé à la reforme agraire et il y a des établissements des MST à périmètre Nova Califórnia et tout au long du canal Xingó. Nous pouvons en conclure que les mouvements socio-territoriaux ont réussi auprès du processus politique de redistribution de la terre des grandes propriétés improductives et productives, en assurant le partage de la richesse, des revenus et du pouvoir. |
Palavras-chave:
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Geografia
Geografia agrícola Sergipe Movimentos sociais rurais Reforma agrária Espaço em economia Capital (Economia) Camponeses Posse da terra Territórios em conflito Movimentos sócioterritoriais Reforma agrária Territórios alternativos Campesinato Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) Movimento Sindical de Trabalhadores Rurais (MSTR) Territories in conflict Social-territorial movements Agrarian reform Alternative territories Peasants Agrarian workers class Territoires en conflit Mouvements sócio-territoriaux Réforme agraire Territoires alternatifs Paysannat |
Área(s)
do CNPq:
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CIENCIAS
HUMANAS::GEOGRAFIA
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Idioma:
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por
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País:
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Brasil
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Instituição:
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Universidade
Federal de Sergipe
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Sigla
da instituição:
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UFS
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Departamento:
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Programa:
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Citação:
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TANEZINO,
Theresa Cristina Zavaris. Territórios em conflito no alto sertão sergipano.
2015. 738 f. Tese (Pós-Graduação em Geografia) - Universidade Federal de
Sergipe, São Cristóvão, SE, 2014.
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Tipo de
acesso:
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Acesso
Aberto
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URI:
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Data de
defesa:
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31-Mar-2014
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Aparece
nas
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Dossiê elaborado durante a disciplina "Educação e Movimentos Sociais do Campo" do Programa de Pós Graduação em Educação do Campo, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. O objetivo desta página é socializar os materiais encontrados de forma a montar um acervo virtual sobre as lutas sociais do campo ocorridas na Bahia, Minas Gerais e Maranhão (estados que estão representados pelos estudantes no Mestrado).
sexta-feira, 30 de junho de 2017
Territórios em conflito no alto sertão sergipano
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